28.10.11

discos voadores

No dia 24 de junho de 1947, o comerciante Kenneth Arnold estava pilotando seu avião particular nos arredores do Monte Rainier, em Washington, quando avistou nove objetos não-identificados que descreveu como discos voadores. A expressão colou e, desde então, os objetos voadores não identificados (em português OVNI, em inglês UFO) também passaram a ser conhecidos como discos voadores, mesmo quando não têm a menor semelhança com discos,
Mas Kenneth Arnold não foi nem o primeiro, nem o último a avistar esses objetos. Relatos de avistamentos de OVNIs continuam a pipocar até hoje nos noticiários de todo o mundo e já faziam parte dos anais da história da humanidade muito antes que Arnold os batizasse de “discos voadores”.
Pilotos da II Guerra Mundial frequentemente relatavam que seus aviões eram perseguidos por objetos luminosos, que eles apelidaram de foo fighters (“caças malucos”), e o excêntrico pesquisador Charles Hoy Fort, que ficou conhecido como “o apóstolo do absurdo” e se especializou em colecionar notícias de fenômenos bizarros, compilou centenas de casos de avistamentos nos séculos XIX e início do XX.Histórias preservadas nos mitos e lendas de todos os povos, bem como pinturas nas cavernas mostrando estranhos seres e objetos, sugerem que os discos voadores podem estar assombrando nossos céus pelo menos desde a pré-história.Ao redor dos discos voadores, constituiu-se toda uma ciência nova, a ufologia. Um de seus fundadores foi o falecido Dr. Joseph Allen Hynek, um astrofísico norte-americano que, até sua morte, em 1986, era considerado o papa da ufologia. Em seu livro Ufologia – Uma Pesquisa Científica, Hynek propôs uma classificação usada até hoje para agrupar os relatos de casos ufológicos:
  1. Contatos Imediatos do I Grau: o simples avistamento de um objeto não-identificado.
  2. Contatos Imediatos do II Grau: um avistamento que também está associado a efeitos físicos supostamente causados pelo objeto.
  3. Contatos Imediatos do III Grau: não só o avistamento de um objeto, mas a interação da testemunha com seus alegados tripulantes, os ufonautas. (É daí que vem o nome do filme de Spielberg.)
Mas afinal, o que são os discos voadores?
A hipótese mais popular diz que esses objetos são espaçonaves alienígenas visitando nosso mundo. É uma hipótese fascinante, que incendeia a imaginação das pessoas, e recebeu um reforço adicional das histórias dos contatados, testemunhas que juram que estiveram em contato direto com os alienígenas que supostamente constróem e tripulam os discos voadores.
No entanto, é preciso ter cautela e não colocar o carro na frente dos bois. A sigla OVNI significa apenas “objeto voador não-identificado”, e não existe nenhuma evidência concreta que nos permita identificar esses objetos voadores a espaçonaves alienígenas. Por mais sedutora que a hipótese extraterrestre pareça, ela é só uma hipótese. Existem outras, que também precisam ser levadas em conta.
O próprio Hynek estava longe de aceitar a hipótese extraterrestre. Quanto mais estudava o assunto, mais Hynek ficou convencido de que se tratava de um fenômeno paranormal gerado pela mente humana, ou então de um fenômeno relacionado a universos paralelos. Esta última teoria também foi proposta pelo pesquisador John A. Keel e por outro astrofísico que se tornou ufólogo, o francês Jacques Vallée. Tanto Keel quanto Vallée sugerem que inteligências provenientes de um mundo paralelo – o que, no jargão ufológico, às vezes é chamado deultraterrestres – criaram o fenômeno OVNI com o objetivo de enganar e manipular a humanidade.
Já a teoria de que as visões ufológicas são um fenômeno gerado pela mente humana foi proposta por ninguém menos do que Carl Gustav Jung, o grande psicólogo suíço que foi o principal discípulo de Freud antes de romper com o mestre e criar sua própria escola de psicologia. Jung escreveu sobre os OVNI em seu livro Discos Voadores – Um Mito Moderno Sobre Coisas Vistas no Céu, onde ele mostra que os relatos sobre discos voadores refletem os mesmos padrões arquetípicos que Jung encontrou nos mitos e nos sonhos, e que são uma manifestação de estruturas do inconsciente coletivo da humanidade. Jung não excluía a possibilidade de um fenômeno natural desconhecido, mas acreditava que esse fenômeno era apenas uma base sobre a qual as pessoas projetavam imagens inconscientes.
Na década de 80, o psicólogo canadense Michael A. Persinger apresentou uma ideia intrigante sobre qual poderia ser o fenômeno natural sugerido por Jung. Persinger descobriu que, quando expostas a campos eletromagnéticos com uma frequência semelhante à das ondas cerebrais, as pessoas entravam em um estado alterado de consciência e tinham visões idênticas às descritas pelas testemunhas ufológicas.
Indo mais além, Persinger mostrou que a maioria dos avistamentos ufológicos ocorrem nas imediações de campos eletromagnéticos naturais ou artificiais – correntes telúricas, falhas tectômicas, linhas elétricas, etc. Sua explicação para o fenômeno OVNI é a de que são visões induzidas pela proximidade com esses campos.
Visitantes alienígenas, habitantes de um universo paralelo, projeções arquetípicas ou fenômenos eletromagnéticos – sejam lá o que forem, os discos voadores continuam por aí, assombrando os céus do planeta, e seu mistério ainda aguarda uma explicação satisfatória.

Nenhum comentário: