29.10.11

Saci-pererê

O Saci-Pererê é um dos personagens mais conhecidos do folclore brasileiro. Possuí até um dia em sua homenagem: 31 de outubro. Provavelmente, surgiu entre povos indígenas da região Sul do Brasil, ainda durante o período colonial (possivelmente no final do século XVIII). Nesta época, era representado por um menino indígena de cor morena e com um rabo, que vivia aprontando travessuras na floresta.


Porém, ao migrar para o norte do país, o mito e o personagem sofreram modificações ao receberem influências da cultura africana. O Saci transformou-se num jovem negro com apenas uma perna, pois, de acordo com o mito, havia perdido a outra numa luta de capoeira. Passou a ser representado usando um gorro vermelho e um cachimbo, típico da cultura africana. Até os dias atuais ele é representado desta forma.


O comportamento é a marca registrada deste personagem folclórico. Muito divertido e brincalhão, o saci passa todo tempo aprontando travessuras na matas e nas casas. Assusta viajantes, esconde objetos domésticos, emite ruídos, assusta cavalos e bois no pasto etc. Apesar das brincadeiras, não pratica atitudes com o objetivo de prejudicar alguém ou fazer o mal.


Diz o mito que ele se desloca dentro de redemoinhos de vento, e para captura-lo é necessário jogar uma peneira sobre ele. Após o feito, deve-se tirar o gorro e prender o saci dentro de uma garrafa. Somente desta forma ele irá obedecer seu “proprietário”.


Mas, de acordo com o mito, o saci não é voltado apenas para brincadeiras. Ele é um importante conhecedor das ervas da floresta, da fabricação de chás e medicamentos feitos com plantas. Ele controla e guarda os segredos e todos estes conhecimentos. Aqueles que penetram nas florestas em busca destas ervas, devem, de acordo com a mitologia, pedir sua autorização. Caso contrário, se transformará em mais uma vítima de suas travessuras.


A crença neste personagem ainda é muito forte na região interior do Brasil. Em volta das fogueiras, os mais velhos contam suas experiências com o saci aos mais novos. Através da cultura oral, o mito vai se perpetuando. Porém, o personagem chegou aos grandes centros urbanos através daliteratura, da televisão e das histórias em quadrinhos.


Quem primeiro retratou o personagem, de forma brilhante na literatura infantil, foi o escritor Monteiro Lobato. Nas histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo, o saci aparece constantemente. Ele vive aprontando com os personagens do sítio. A lenda se espalhou por todo o Brasil quando as histórias de Monteiro Lobato ganharam as telas da televisão, transformando-se em seriado, transmitido no começo da década de 1950. O saci também aparece em várias momentos das histórias em quadrinhos do personagem Chico Bento, de Maurício de Souza.


Segundo a crença popular os Sacis vivem setenta e sete anos e se originam do bambu. Após sete anos de “gestação” dentro do gomo do bambu ele sai para uma longa vida de travessuras e quando morre se metamorfoseia em cogumelos venenosos ou em “orelhas de pau”. Quem é do interior ou já foi ao campo a passeio deve ter visto alguma vez, uma espécie de cogumelo que se forma nos troncos das árvores e que se parece com uma orelha. É isso que os matutos chamam de “orelha de pau”.



Apesar das inúmeras definições dessa famosa entidade folclórica algumas características são mais presentes e recorrentes nas descrições do Saci. Sabe-se que em geral:


- é um ser que vive nas matas;

- é extremamente misterioso;

- é negro, pequeno e possui apenas uma perna;

- usa um capuz vermelho e um cachimbo;

- não possui pêlos no corpo;

- não possui órgãos para urinar ou defecar;

- só tem três dedos em cada mão;

- possui as mãos perfuradas;

- adora assoviar e ficar invisível;

- vive com os joelhos machucados, resultado das travessuras;

- tem o domínio dos insetos que atormentam o homem: mosquitos, pernilongos, pulgas, etc.;

- fuma em um pito e solta fumaça pelos olhos;

- adora fazer travessuras;

- pode, em momentos de bom humor ajudar a encontrar coisas perdidas;

- gira em torno de si feito um pião e provoca redemoinhos;

- pode ser malvado e perigoso;

- adora encantar as criancinhas faze-las perder-se na mata;


Algumas pessoas afirmam que o único meio de driblar o negrinho é espalhando cordas ou barbantes amarrados pelo caminho. Assim ele se ocuparia em desatar os nós, dando tempo da pessoa fugir de sua perseguição. O Saci também tem medo de córregos e riachos, por isso, atravessar um pode ser uma alternativa, pois o Saci não consegue fazer a travessia.

Mas o único meio de controlar um Saci, segundo o mito, é tirando-lhe o gorro e prendendo-o em uma garrafa. Para isso é necessário jogar uma peneira ou um rosário bento em um redemoinho. Só dessa forma se pega um Saci. Uma vez preso e sem o gorro que lhe dá poderes ele fará tudo que for mandado.

As origens

Diante de todas essas informações fica a pergunta: onde teria nascido a lenda do Saci? Os estudos sobre o folclore brasileiro apontam a origem indígena quando falam da lenda do Saci. Esse mito teria surgido na região Sul do Brasil durante o período colonial, por vota do final do século XVIII, por ocasião das Missões.

A alcunha pela qual o Saci é mais popularmente conhecido é Saci-Pererê, mas seu nome originalmente era Yaci-Yaterê de origem Tupi Guarani. De acordo com a região do Brasil ele pode, porém, ser conhecido por uma variedade de apelidos.

O dicionário Aurélio traz as seguintes variações de nomes do Saci: “Saci-cererê, Saci-pererê, Matimpererê, Martim-pererê” (AURÉLIO, 2005). Além dessas denominações Martos e Aguiar (2001, p. 75) apontam ainda: “saci-saçura, sacisarerê, saci-siriri, saci-tapererê ou saci-trique”. Por ser considerado por alguns um perito na arte da transformação em aves, o negrinho travesso recebe ainda nomes de passarinhos nos quais se transforma, como por exemplo: matitaperê, matintapereira, sem-fim, entre outros (ibidem, p. 75). Na região às margens do Rio São Francisco ele é conhecido pela alcunha de Romão ou Romãozinho.

MITOS BRASILEIROS ‘...o diabo no meio do redemunho”.(Guimarães Rosa) O saci,Pererê ouTaperê é um moleque controvertido. Uns acham que sua origem é cabocla;foi inventado pelos índios como um duende protetor das florestas e que causava aborrecimentos diversos a quem devastasse as matas.Seria um curumim perneta,que andava solto pelo mundo,com seus assustadores olhos avermelhados e poderes de” encantar” coisas ou pessoas. Para algumas pessoas, uma entidade maléfica,mas,graciosa e zombeteira,ágil,astuto,que gostava de fumar cachimbo,de entrançar as crinas dos animais,depois de montá-los em corridas desabaladas noite a dentro fazendo reinações,seu assobio longo e fino,atravessando o horizonte,nunca localizado,mas,sempre assustador. Diferente dos outros “encantados” não atravessa água. Em algumas versões pode dar dinheiro. Mas,na maioria das vezes o que dá mesmo é consumição;apaga o fogo,queima o feijão,espanta o gado,assusta os viajantes,azeda o leite,atucana as cozinheiras,quebra a ponta das agulhas,esconde coisas,gora os ovos;adora pregar peças,como virar um prego com a ponta para cima,fazendo um cristão furar o pé. Criança reinadora, aparece como um corrupio,no vento. Quem quiser apanhá-lo,basta jogar uma peneira no meio do redemoinho e prendê-lo numa garrafa;ele virará seu escravo.Reminiscências do gênio da lâmpada,da cultura oriental?Talvez! Só começou a ser citado no século XIX;parece que nasceu num broto de bambu,vive aí por sete anos e depois vive mais setenta e sete,quando se transforma em orelhas de pau. Na versão nordestina ele é um negrinho que usa uma carapuça vermelha.Dizem que perdeu a perna numa luta de capoeira;essa carapuça lembra o pileus dos íncubos romanos,citados por Petronio (Satyricon),que dava muitas riquezas a quem os arrebatasse. Esse negrinho metido e safado também aparece no folclore português. Há também pássaros com o seu nome e a matinta pereira parece ser uma espécie de saci. O primeiro a trazê-lo à luz foi o magnífico escritor Monteiro Lobato, autor do livro “O Saci” e que inclusive fez uma enquete sobre ele. Capistrano de Abreu descreveu assim o Kilaino,outra forma do saci,comum entre os bacaeris no Mato Grosso:”ente maléfico que mora no mato,assume formas diferentes,alimenta-se de ratos e passarinhos,esconde a caça morta,não atravessa água,imune às setas atiradas e fazendo pessoas derrubarem coisas;o caçador no mato,quando grita por seu parceiro para orientar-se,o kilaino responde aos gritos e transvia o infeliz,que se perde. O saci ganhou um dia só para ele;31 de outubro,assim criado para fazer frente ao Halloween,um americanismo extravagante que passou a ter sucesso entre nós,como tudo,aliás,que vem das “estranjas”.

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